quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um autêntico golpe de mestre

Na reunião ordinária da Câmara Municipal de Setúbal do passado dia 30 de Abril, quarta feira, foi apresentada uma proposta que previa a constituição de um novo bairro urbano na nossa Cidade - o Bairro de Mira Tróia, que se situaria ao longo da Avenida Belo Horizonte a poente do cruzamento com a Avenida da Bela Vista.

Um autentico "coelho tirado da cartola". A oposição apanhada de surpresa, absteve-se na votação e assim a proposta foi aprovada com os votos da coligação que governa esta Câmara Municipal.
Segundo fontes geralmente mal informadas, esta proposta já estaria a ser preparada à mais de um ano e tinha como principal objectivo combater a fuga de capital para o investimento da Sol-Troia do nosso magnata Belmiro de Azevedo.
Durante a manhã de hoje, já foram colocadas algumas placas de sinalização, o que surpreendeu os moradores que desconheciam na totalidade esta "surpresa" camarária.
Poderá ser criada assim nesta zona uma autêntica "Copacabana sem praia" numa zona nobre (pela vista privilegiada do Rio Sado) abandonada nas ultimas décadas, servindo agora para alimentar a gulodice das construtoras e da especulação imobiliária. Só havia um senão: esta zona foi expropriada nos finais dos anos 60 para fins sociais.
Como as coisas nem correram muito mal com a 1ª edificação neste bairro - O "Muro" da Vergonha - pois houve somente uma pequena interrupção devido a uma Providência Cautelar interposta por um pequeno grupo de moradores que pensavam que poderiam combater o poderoso "lobby" do betão, estava-se portanto no bom caminho para contornar as leis da Republica e do urbanismo, que propositadamente são feitas com muitos "buracos" para poder servir estes interesses.
Outra situação que já foi convenientemente esclarecida, é se deveria haver ou não pagamento de taxas municipais/licenciamento por parte da construtora. Apesar de ter havido pedidos insistentes para a isenção do pagamento dessas taxas no caso do "Muro" da Vergonha, como a lei prevê, o executivo bateu o pé, pediu um parecer jurídico, e nem o cunhado do dito cujo consegui impedir a cobrança dessas taxas.
Esse montante (algumas dezenas de milhares de euros) permitiram à edilidade cumprir com a promessa de que no ano de 2007 haveria uma prenda melhorada aos filhos dos trabalhadores camarários, por altura da festa de Natal.
Ficou acordado que o "Muro" da Vergonha 2, a construir do outro lado da Avenida D.Manuel I, já não pagará as referidas taxas (apesar de ter as mesmas características) pois a situação financeira da Câmara Municipal de Setúbal está de momento mais equilibrada e o Natal ainda vem longe.
Para alem das duas versões do "Muro" da Vergonha, irá ser construído um Palácio de Congressos por cima da Pedra Furada e a a poente da Rua Comendador Lino da Silva irá nascer o projecto Europan 7, que quando eu o consultei durante o mês de Novembro de 2007, pareceu-me um projecto com uma arquitectura equilibrada para o local da implantação. Vai haver contudo alguma contestação ao Europan 7, pois pessoalmente não acredito que o "pessoal do papel" que é muito esquisito e exigente, queira ter durante quase um mês festas populares à porta de casa - a Festanima de S.Sebastião - mas isso logo se verá.
Para a implantação deste novo bairro urbano para o "pessoal do papel" a Câmara pensou em tudo ao pormenor:
como é uma vergonha, para quem se desloca ao longo das Escarpas de Santos Nicolau, a visão das construções abandonadas na Estrada da Graça e como isso é um problema de difícil resolução, numa zona que não interessa ao sector Imobiliário, saiu no Jornal Municipal de Dezembro de 2007 outro "coelho da cartola" da Câmara Municipal: O que não se resolve, esconde-se ...
Arvoredo melhora imagem da cidade
A Autarquia pretende envolver a população num projecto de reflorestação das escarpas de Santos Nicolau, zona verde sensível da cidade e que se perfila como uma das montras para quem entra em Setúbal por via marítima. (...)
Seria esta proposta que estava por detrás do slogan camarário: 2008 ano da afirmação de Setúbal?
Tal como as nossas Festas populares fora de tempo, o slogan pareceu-me mais campanha eleitoral fora de tempo...

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