quinta-feira, 17 de julho de 2008

As regras do jogo

A cidade está a mudar, existem ideias e projectos, mas para quem já viu um pouco de tudo, há aspectos que me preocupam. Como se pode modernizar e tornar atractiva uma cidade sem cair em tentações e não pôr a faca e o queijo na mão das empresas de construção/grupos económicos? As novidades são muitas mas apresentamos somente as imagens que de alguma forma podem interferir com a envolvente do nosso bairro.

As ideias/projectos

Um conjunto de projectos, alguns deles já em curso, promete assegurar uma regeneração urbana da cidade, nomeadamente na frente ribeirinha, alvo de intervenções de grande monta, como as do plano de valorização daquela zona e as resultantes do programa Polis.
Esta visão integrada e sustentada do território resulta num desafio a nível interno, proporcionando maior conforto e qualidade de vida aos setubalenses, e externo, ao aumentar a competitividade e modernidade do Concelho, em resposta aos desafios que estão lançados na região com o novo aeroporto de Lisboa, a plataforma logística do Poceirão e as grandes apostas turísticas no litoral alentejano.
O Plano Integrado de Valorização da Zona Ribeirinha de Setúbal (PIVZRS) destaca-se pelo conjunto de intervenções – num investimento de 8,35 milhões de euros – e pelas intenções que integra numa perspectiva de levar o Concelho a ser capaz de se afirmar cada vez mais na Área Metropolitana de Lisboa.
Num momento em que a Península de Setúbal está envolta em grandes decisões, a candidatura municipal do PIVZRS ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) reúne um leque de intervenções e acções complementares que visam dotar a cidade de condições objectivas de diferenciação e qualificação urbana que garantam ao Concelho competitividade, modernidade e capacidade de atracção de actividades.(...)
(...) regeneração de toda a Estrada da Graça, uma zona que fica por sua vez ligada a um outro plano estratégico que está em concurso, lançado no âmbito de um protocolo celebrado entre o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Câmara Municipal. Este plano tem, também, como objectivo os investimentos público-privados para toda a área do Plano Integrado de Setúbal. Trata-se de outro projecto que vai ligar a intervenção Polis nascente à zona da Cachofarra. Além da requalificação urbana há dois outros projectos muito importantes que são a criação de um interface de passageiros numa área a definir na frente ribeirinha e o estudo de avaliação das condições para uma náutica de recreio. Estas são realmente componentes muito importantes e integradas para uma visão de futuro para Setúbal.(...)

(...) Hoje, continuou o vereador do Urbanismo, vive-se um momento importante para o concelho por estar em curso a revisão do Plano Director Municipal (PDM). O aprofundamento de matérias relacionadas com acessibilidades, transportes públicos e mobilidade urbana, bem como com a componente ambiental e a estratégia de desenvolvimento do turismo, que estão a ser alvo de estudos, são, no entender da Autarquia, áreas vitais no processo de revisão do PDM.
Numa altura de revisão do PDM, há habitualmente, salientou André Martins, uma aproximação de investidores às câmaras municipais, por forma a saberem da possibilidade de um ou outro investimento. “Desta relação surgiu a ideia de avançar para um conjunto de estudos urbanísticos”, acrescentou o autarca.
Uma das vantagens daqueles estudos é, referiu o responsável pelo pelouro do urbanismo, serem procedimentos simplificados comparativamente aos planos de pormenor por exemplo, porque não obrigam a actos administrativos com prazos tão morosos.

Outro benefício prende-se com o facto de, com estes estudos, haver um promotor que apresenta os seus interesses e existir a possibilidade de outros proprietários de zonas envolventes se associarem àquele plano. “Em vez de termos um estudo a avulso de determinado terreno, temos um estudo de uma área mais abrangente”, explicou André Martins.
O arquitecto Fernando Travassos, assessor do vereador André Martins para a área do Urbanismo e coordenador dos estudos técnicos apresentados, salientou que a Câmara Municipal “não abdica de maneira nenhuma de liderar os projectos que incluem parcerias privadas, uma vez que o interesse público tem de estar sempre salvaguardado”.
Fernando Travassos reforçou a ideia de que o processo de planeamento está agora a ser feito ao contrário. “Disponibilizamos os meios técnicos para identificar áreas sensíveis e desta forma alavancamos e incentivamos alguns projectos que os investidores têm para determinadas zonas”.
O assessor disse, ainda, haver um compromisso da Câmara Municipal para que o resultado dos estudos seja enquadrado em sede de revisão do Plano Director Municipal. (...)

As imagens

Com mais qualidade do que as apresentadas no Jornal Municipal - contribuímos assim para uma melhor informação da população de Setúbal.

  • 10 Náutica de recreio - O estuário do Sado tem todas as condições para a náutica de recreio. O que se pretende não é uma marina rodeada de habitação mas sim um conjunto de actividades económicas associadas à náutica de recreio.
  • 11 Plataforma intermodal - Projecto considerado fundamental em termos de organização do trânsito e com uma importância à escala regional. O terminal, para autocarros, comboios e barcos, pretende criar condições de acessibilidade geral quer para os setubalenses, quer para quem trabalha ou visita Tróia, quer para quem se desloca para o litoral alentejano.

  • 12 Estrada da Graça - Esta artéria privilegiada da cidade encontra-se degradada e tem grande potencial urbanístico, não só pela sua relação com o rio e actividade portuária, como pelo prolongamento da Avenida Luísa Todi.A intervenção caracteriza-se pela reabilitação da frente edificada e renovação funcional, bem como arranjo dos espaços públicos.

As preocupações

Será que não vão aproveitar a situação favorável – proximidade de eleições autárquicas, revisão do PDM, a zona 'virgem' que representa a área do Plano Integrado de Setúbal, gulodice de grupos económicos para criar numa zona ainda verde da cidade, uma 'Copacabana sem praia' numa espécie de réplica das transformações que estão a acontecer na Península de Tróia - para que a coberto de um projecto com umas propostas magnificas (vamos crer que realizáveis) não comecem a crescer mais mamarrachos nas Escarpas de S.Nicolau, Pedra Furada, Depósito de Àgua e Quinta da Parvoiça. Acho que se pudéssemos regressar ao passado, os autores e os que se tornaram compadres do "Muro" da Vergonha, tinham pensado duas vezes antes de começar a construir este belo exemplar (+) ...
Temos um exemplo aqui bem perto: Sesimbra - está modernizada, tem bons atractivos a nível do turismo, mas se olharmos para as encostas da vila vemos que há por ali muita coisa errada.
Quando pedimos aos grupos económicos para apresentar propostas, a partir das quais logo se ajusta o PDM de forma a puder ser lá implantado o novo projecto, isso mais tarde pode ter um aroma que se cheira ao longe...
Construção? Sim, mas equilibrada!

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