sábado, 17 de janeiro de 2009

Portugal, país de brandos costumes

Nesta soalheira tarde de Inverno, convidativa para uma passeio ao ar livre, depois de uma série de fins de semana frios e/ou chuvosos, nada fazia prever que houvesse quem a troco de mais uns euros no orçamento, se prontificasse a trabalhar ao fim-de-semana em obras de alguma envergadura. Mas essas pessoas existem e por aqui andam a desassossegar os moradores em obras de aterro.

Perdem assim os moradores das proximidades a oportunidade de ter as janelas abertas para entrar um pouco de sol, para não terem de estar a ouvir o permanente barulho da rectroescavadora em operação. A fiscalização da nossa querida Câmara Municipal de Setúbal não trabalha ao fim-de-semana e portanto está tudo bem. Nem é preciso colocar uma rede de protecção sobre no topo do camião já que as hipóteses de ser caçado pelas autoridades policiais é muito reduzida (apesar de haver uma esquadra a poucas centenas de metros de toda esta vergonha) e ia certamente reduzir o ritmo de trabalho.
Mas esta construtora já nos habituou a aparecer com alguma regularidade em trabalhos pesados ao sábado e portanto até aqui não era assim uma surpresa de maior.
Surpresa foi quando descobri para onde estava a ser levado todo este aterro: a Casa da Camila. Isso sim foi uma surpresa e tanto.

Depois de durante várias semanas a levar o aterro para bem longe, resolveram regressar ao local do 'crime' e colocar mais terra numa zona habitacional, que já foi objecto de noticia num jornal local e debate em pelo menos uma sessão pública da nossa querida Câmara Municipal de Setúbal.
Numa acesa discussão entre moradores, num dos cafés locais das redondezas desta obra, um dos trabalhadores da obra fez o seguinte comentário: "Vocês acham que se a Câmara Municipal não autorizasse o despejo da terra naquele local, alguma vez a Policia nos deixava lá descarregar..." quando se comentava a noticia saída no Jornal "O Setubalense" em que responsáveis da autarquia reagiam com alguma surpresa às perguntas do jornalista.
Portugal, continua a ser (infelizmente) um país de brandos costumes, em que vale praticamente fazer tudo, a coberto de amizades e jogos de influência, isto para não utilizar uma palavra mais forte.

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