quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Boato mentiroso (Parte III)

Peço desculpa ao meus seguidores, por já não dar noticias há mais de um mês mas, tenho andado um pouco desmotivado, para alem de precisar de descansar um pouco, após uma intensa actividade política durante a dupla campanha eleitoral, que me consumiu toda a imaginação e me causou um desgaste profundo. Valeu a pena, porque conseguimos reeleger a nossa querida Presidente para um novo mandato, agora sim, sufragado pelo povo de Setúbal e, para os mais invejosos, podemos gritar bem alto que temos a maioria absoluta, apesar de uma votação de 38.83%. Poderiam dizer que não faz sentido o apoio incondicional a este executivo, mas não queremos que no decorrer do processo judicial, venham outros atirar as culpas do licenciamento desta "coisa", a que carinhosamente chamamos 'Muro' da Vergonha, para os seus antecessores e assim sacudissem a água do capote. Foi este executivo que licenciou a obra e será ele que terá de convencer o Juiz, que o fez seguindo todas as regras.
Percorri juntamente com uma equipa de militantes ferrenhos, porta a porta, os vários bairros sociais de Setúbal, com uma lista de todos aqueles que recebem o rendimento mínimo de inserção, perguntando aos próprios se iam votar na CDU e, se eles hesitavam em algum momento, levavam ali uma lavagem que ficavam votantes da CDU para sempre. Só o medo de perderem aquele dinheirinho e terem realmente de ir trabalhar, assustava-os. Tenho a impressão que se lhes tivéssemos dito que tinham de acreditar no Pai Natal, o resultado seria idêntico. Aquela gente não quer mesmo trabalhar. Não sei se este tipo de contacto é legal em período eleitoral, mas que surtiu efeito, lá isso surtiu, e em tempo de guerra não se limpam armas...
O boato mentiroso que hoje nos trás por aqui, é o rumor que circula no local de que, para ajudar a construtora a ver-se livre deste imbróglio, existe um grupo de quadros da Câmara Municipal de Setúbal (fala-se só em engenheiros, mas os apartamentos são tantos, que deve abranger mais gente), que vai comprar apartamentos para depois alugar, ficando assim com uma espécie de rendimento. Faz sentido, já que os supostos compradores (famílias carenciadas) terão dificuldades em reunir os cerca de 10000 euros necessários para o sinal e celebração do contrato de compra e venda e os bancos, que andam muito renitentes em fazer empréstimos, certamente que não verão com bons olhos um empréstimo para compra de habitação própria, numa construção que tem um processo em tribunal, onde se questiona a legalidade do seu licenciamento. Poderá ser uma campanha orquestrada por um engenheiro da Câmara Municipal de Setúbal que era referido pelos trabalhadores no local, com sendo sócio da obra (a palavra empregue era mesmo essa: sócio) e do qual nunca se conseguiu saber o nome, apesar de algumas tentativas, que sempre resultaram infrutíferas. Não é a primeira vez que trabalhadores da autarquia se vêm envolvidos em polémicas de compra de habitação de cariz social, aproveitando-se dos seus conhecimentos na forma de contornar o sistema:

Habitação: é conhecida a carência habitacional e a dramática situação em que se encontram milhares de famílias no nosso concelho. Pois bem, isso não obstou a que a senhora Benedita Conceição, secretária do vereador Eusébio Candeias, recebesse como prenda, duas casas de tipologia T2, pela módica quantia de 50 000. O programa é do INH, mas a atribuição é feita pelo município. A primeira casa foi registada em nome do filho. A segunda é para arrendar, "sem recibos", porque a senhora é detentora de uma terceira habitação que adquiriu a custos controlados a uma cooperativa. (visto aqui)

A incansável imobiliária, continua a levar regularmente pessoas ao local para finalmente vender os 2 únicos apartamentos que dizem disponíveis para venda (são sempre os mesmos, já à meses) de 3 assoalhadas, pela módica quantia de 115000 euros. Se olharmos para a placa, posta de propósito no local, só para justificar o injustificável (foi retirada à cerca de um mês), podemos ver que a inflação por estas bandas é galopante.

As escrituras prometidas para o passado mês de Agosto, para todos aqueles que estão disponíveis para comprar a casa da sua vida, mesmo que para isso tenham de passar por alguns momentos de ansiedade, sempre que estiver para breve alguma decisão dos tribunais sobre a legalidade (ou falta dela) de tão emblemática construção, tem vindo a ser adiada sucessivamente, mês após mês, porque parece que há por ali umas perturbações nos esgotos (saneamento e águas pluviais) de difícil solução. Já impuseram a construção de um nova caixa de esgoto, mas ainda não há a certeza de estar resolvido o problema. Ainda ontem houve uma importante intervenção na Avenida D.Manuel I, no local da foto que se apresenta em seguida, mais à esquerda.
A zona (foto ao centro), onde sempre que chovia havia um escorrimento durante várias horas de águas gordurosas com um cheiro pestilento, foi também objecto de intervenção profunda na passada semana. A zona (foto à direita) depois de várias intervenções menores parece finalmente estável.

Olhando para trás, constatamos que em Maio de 2007 andaram por aqui uns supostos técnicos, de competência pelos vistos muito discutível, a fazer alteração de toda a complexa rede de esgotos, que circulava livremente por todo a área onde foi edificada esta "coisa" e que pelos vistos não fizeram bem os trabalhos de casa.

Ficamos à espera, ansiosamente, pela conclusão dos arranjos da envolvente para darmos a nossa opinião (sempre isenta) do gosto (ou falta dele) com que tentaram embelezar este "produto", de venda mais do que complicada.
Também já encomendamos o tapete vermelho, com que vamos receber os primeiros (e corajosos) moradores deste novo monumento setubalense.

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