segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Recordar é viver: Tapar o sol com uma peneira

O melhor deste povo português é conseguir, num espaço muito curto de tempo, arranjar uma anedota, uma frase ou algo jocoso sobre uma situação, que pode ser até de humor negro. Veja-se a facilidade com que se criam anedotas sobre a Madeira e o Alberto João Jardim.
Ainda sou do tempo em que o quilo do arroz agulha custava 2 tostões e de que tambem fazer humor deste tipo tinha outras nuances, não fossem as paredes terem ouvidos e aparecerem uns senhores de fato preto que nos levavam, sabe lá Deus para onde.
Lembro-me de uma pergunta/resposta, que se contava no início dos anos 70:

- O que disse o Chefe da Estação de Santa Comba Dão quando chegou o comboio com o cortejo fúnebre de Salazar?
- Este comboio vem atrasado 40 anos!

O bom ou o mau gosto deste tipo de humor depende e dependerá sempre dos interlocutores. Vai haver sempre quem ache piada e sempre quem reprove este tipo de coisas.
Esta foi a parte lúdica que serve de introdução, à página que hoje abrimos no nosso álbum de recordações.

No dia 10 de Outubro no já longínquo ano de 2007, apareceram por aqui uns senhores, que não vinham vestidos de preto, mas que vinham substancialmente atrasados. Pelas minhas contas, também não vinham atrasados 40 anos mas mais precisamente 483 dias, e já damos de bónus a totalidade dos 30 dias que a lei prevê para a fixação no local onde se pretende fazer uma operação urbanística, a partir da entrada do pedido de licenciamento na entidade competente. Se a lei fosse igual para todos, a não publicitação do respectivo pedido, daria lugar a uma coima e, no limite poderia conduzir ao indeferimento do pedido de licenciamento.
Estes senhores carregavam o peso de uma placa, que se referia a um tal de Projecto 274/06 que tinha dado entrada nos serviços da Câmara Municipal de Setúbal em 15/05/2006.
Se fizermos uma simples conta de somar e adicionarmos a intervenção policial no dia 19/09/2007 que deu origem ao ofício 12484/ESQIC/BIC enviado à CMS a 30/09/2007 (ver a 1º parte desta nova rúbrica - Recordar é viver: O ínicio do fim!),o fax nº58773 enviado pelo INH/IHRU a 23/08 (ver a 2ª parte desta nova rúbrica - Recordar é viver: Entrega dos Oscars), a pergunta nº 4 do nosso jogo 'Quem quer ser milionário?' (que ainda não acabou) e a intervenção do representante dos moradores na Sessão Pública Ordinária da CMS de 03/10/2007 a que nos referimos no artigo anterior, podemos concluir que a lei não é igual para todos, que pretendiam esconder até à ultima, os planos 'tenebrosos' para esta terra de ninguém e que a fiscalização não funciona porque não é humanamente possível ou mais grave do que isso, não interessa incomodar quem nos dá o pão que pomos na mesa.
O projecto do outro mamarracho com o nº 172/07 deu entrada nos serviços da CMS em 04/05/2007 e por arrastamento também teve direito a uma placa nesse mesmo dia ficando somente com um 'pequeno' atraso de 129 dias, depois de também darmos de bónus a totalidade dos 30 dias que a lei prevê.
As provas de que
já era tarde de mais e de nada valeu tentar 'tapar o sol com uma peneira' estão à vista de todos: um processo em tribunal (que no limite pode conduzir à demolição total ou parcial do 'Muro' da Vergonha) e um blogue incómodo.

Este assunto foi abordado pela primeira vez a 30/11/2007, no artigo com o título '10 de Outubro - O dia de todas as verdades!'

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